sábado, 28 de junho de 2014

#7 Um Sonho Real

     

 "Alguns homens veem as coisas como são, e dizem 'Por quê?' Eu sonho com as coisas que nunca foram e digo 'Por que não ?"

     Acordei em um quarto de hospital. Minhas vistas estavam embaçadas, mas logo tudo ficou nítido. Eu estava sozinha naquele quarto, observei o soro que estava sendo injetado na minha veia até que pude ouvir vozes vindo de trás da porta que estava fechada.
     Uma sombra surgiu e começou a se aproximar. Olhei a maçaneta da porta rodar vagarosamente até que o dono da sombra começou a surgir por de trás dela.
     Um rapaz de longos cabelos verdes com uma fina e longa trança no lado direito, em sua cabeça um chapéu preto com uma pequena borda que me lembrava uma boina. Ele vestia uma camisa marrom um pouco desabotoada com uma gravata longa, preta e frouxa ao redor do pescoço e uma calça preta assim como a sua jaqueta de mangas longas aberta sobre a camisa marrom.
– Mas, mas...
     Fiquei desesperada assim que o vi. Minhas palavras não tinham forma quando eu tentava coloca-las pra fora e meus pensamentos foram invadidos.
Ele é... Real?...
     Ele aproximou-se da cama em que eu estava e eu tentei recuar, mas eu não conseguia me mover.
– Olá senhorita, como esta se sentindo?– Ele sorria gentilmente enquanto colocava um vaso de flores sobre a mesa próxima a cabeceira da cama– trouxe flores para você– Ele continuou a sorrir– Ora, não vai nem me agradecer?
– Q-Quem é você?– consegui dizer.
     Ele curvou-se aproximando o rosto.
– Ah sim, me desculpe, me chamo Ukyo!– Ele me analisou com os olhos– Não nos falamos muito, mas quando eu soube que você estava mal vim correndo para poder vê-la. Lembra-se de alguma coisa?
     Eu não estava entendo mais nada. Aquele era quem eu procurava, era quem visitava os meus sonhos e pesadelos todas as noites, eu tinha certeza de que era. Então... Por que eu não conseguia reagir agora que tinha o encontrado? Por que tudo parecia tão normal? Ele estava sorrindo pra mim, me trazendo flores, como se nunca tivesse tentado me matar antes. E se eu estiver...
– Yuka? Esta se sentindo bem? Yuka?? Yuka?
     Ele me chamava enquanto eu apenas o olhava sem poder fazer nada. Meus dedos não se moviam nem meus lábios. Tudo começou a ficar embaçado até que Ukyo pareceu apenas uma mancha verde diante de mim, e não pude mais ver seu olhar preocupado.
– Yuka?
     Foi como acordar outra vez. A luz que vinha da janela iluminava o quarto todo. Eu estava em um quarto de hospital, sozinha outra vez. Eu não tinha certeza se estava realmente acordada ou sonhando outra vez.
Aquilo... foi um sonho?– pensei.
     Pude ouvir vozes vindo de trás da porta.
     Desta vez, foi Shin que passou por aquela porta e de algum modo eu me senti aliviada. Ele aproximou-se da cama em que eu estava. Suas mãos estavam vazias, até que eu lembrei: Olhei para o lado e vi que havia um vaso de flores sobre a mesa da cabeceira, flores idênticas a do, talvez suposto, sonho.
– Ukyo...
– O que disse?
     Apenas o olhei.
– Como esta se sentindo? – Ele suspirou fechando os olhos. Shin sempre estava preocupado comigo.– Desta vez decidi te trazer logo ao hospital.
– Shin... Quem trouxe essas flores?
– Hun?– Ele pareceu surpreso com a minha pergunta.– Bem, eu não sei, mas pensando bem eu não tinha as notado quando te trouxe até aqui.– Ele deu um pequeno sorriso– Deve ter sido alguma enfermeira.
     Algo em mim não queria acreditar naquilo. Aquele sonho... Foi tudo tão real... Aquele sorriso, aquele nome me soou tão familiar...
– O médico falou que vai te dar alta daqui a umas horas... Seu desmaio foi devido a falta de vitaminas. O que você anda comendo?– Ele fechou os olhos e balançou a cabeça de forma negativa.
     Quando menos esperava, Shin aproximou-se mais e se curvou sobre mim, em seguida seus lábios estavam sobre os meus e ele me beijou como havia me beijado antes. Só que desta vez, eu não consegui retribuir.

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