"Feche os olhos. Feche os olhos e sinta. Sinta com o coração e com a
alma. Você pode sentir os detalhes, os detalhes que nunca expressou com
palavras. E você pode sentir esses momentos mesmo que não queira.
Eu estava em um lugar escuro, totalmente escuro, até que formas começaram a surgir. Eu dei apenas um passo para poder me estabilizar naquele lugar. O chão era como uma estrada de pedra, larga e comprida. Estava tudo nublado e logo pude notar, lá longe quase no fim da estrada, um balanço vazio sendo movido levemente pelo vento. Pude ouvir risadas, e pessoas passavam na minha frente, elas pareciam felizes, algumas segurando a mão de seus filhos ou passeando com seus animaizinhos de estimação, mas logo desapareciam como névoa. Pude notar o gramado sem vida, o lugar era como uma praça abandonada.
Um pouco distante dali pude observar uma casinha de madeira, simples, colorida, e bonitinha. Logo reconheci aquele lugar, eu já estive ali antes há muito tempo atrás. Lembrei-me da época em que eu era criança; Shin, Toma e eu costumávamos brincar naquela casinha. Decidi caminhar até lá, mas algo estranho aconteceu.
A casinha começou a desaparecer na névoa. Eu estava completamente sozinha e sem saber como sair dali. Olhei para o fim da estrada pensando que o balanço teria desaparecido na névoa assim como a casinha e as pessoas, mas não, lá estava o balanço sendo movido pelo vento. Dei alguns passos em direção ao balanço, mas logo parei.
Nada.
O balanço continuava lá, e eu continuava sozinha.
De repente senti-me empurrada para trás, minha cabeça bateu em algo duro causando-me uma grande dor de cabeça. Meus olhos estavam cerrados por causa do susto, resolvi abri-los lentamente, minha vista estava escura e tentava se adaptar ao ambiente com muita lentidão me impedindo de captar bem as coisas diante de mim. Alguém apertava o meu pescoço prendendo-me a parede, me impedindo de respirar. Foi difícil distinguir as suas características físicas, mas pude notar os seus olhos penetrantes e os seus cabelos compridos até abaixo da cintura. Me vi dentro de um quarto, uma cabana talvez, tudo e até mesmo as paredes eram feitas de madeira.
- Por que... es-esta... fazendo isso?
Ele sorriu de uma forma fria e em seguida deu uma gargalhada que me fez arrrepiar de medo...
Mas somente por um momento.
Ele desmanchou o sorriso do rosto e passou a me olhar de forma... Confusa. Ele colocou uma das mãos sobre seu próprio pulso e afastou as suas mãos de mim soltando-me e assim pude olha-lo melhor, notei a suas vestes preta e branca, um chapéu em sua cabeça e os seus cabelos eram verdes. Fiquei calada apenas olhando para o rosto dele, era a primeira vez que eu conseguia enxerga-lo nitidamente. Por um instante ele fez o mesmo, meu coração estava disparado,eu sentia vontade de toca-lo... mas rapidamente ele me empurrou e como em um piscar de olhos eu estava de volta naquela estrada. Meu estômago revirou e só pude vê-lo correr para longe. Corri atrás dele até perdê-lo de vista, outra vez, ele desapareceu me deixando ali, sozinha.
Caí no chão de joelhos, me sentia cansada e assustada, o que havia sido aquilo? Fiquei em silencio, ofegando por falta de ar.
...
- Um, dois... Três, quatro... Olhe atrás de você!
Outra vez aquela risada. Virei me depressa e acabei caindo da cama.
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Minha cabeça doía assim como estava doendo quando levei a pancada na cabeça. Estava tudo embaçado, fechei os olhos com força e levei uma mão para trás da cabeça para tentar amenizar a dor. Tentei me lembrar de que onde eu estava agora era real, e que tudo não tinha passado de um sonho. Eu não consegui. Tudo aquilo era estranho demais para mim simplesmente ignorar, eu não sabia mais distinguir sonho de realidade, eu tinha que encarar os fatos, mas... Quais eram os fatos?
A campainha tocou e me obrigou a levantar do chão.
- Ei! O que esta fazendo acordada a esta hora? Trate de volta pra cama, Yuka.- Dei apenas alguns passos e levantei o meu olhar do chão para a porta. Eu estava realmente surpresa. - Eu atendo a porta pra você, volto em um instante.
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